terça-feira, junho 1

Calafrio - Os Lobos de Mercy Falls

"(...) Voltei para os ovos mexidos e os virei num prato exatamente quando a torrada pulou da torradeira. Estiquei a mão ao mesmo tempo que Grace, e foi daqueles momentos perfeitos de cinema quando as mãos se tocam e você sabe que os personagens vão se beijar. Só que dessa vez foram os meus braços que por acidente a rodearam, predendo-a de encontro à bancada enquanto eu estendia a mão para a torrada e empurrando-a contra a geladeira quando me inclinei para a frente. sem saber o que fazer com minha falta de jeito, nem sequer me dei conta de que aquele era o momento perfeito até ver os olhos de Grace se fecharem, seu rosto erguido para mim.
Beijei-a. Só um leve roçar dos meus lábios nos dela, nada animal. Mesmo naquele momento, analisei o beijo: as possíveis reações de Grace, suas possíveis interpretações, o modo como aquilo me fez estremecer, os segundos entre ter tocado seus lábios e ela ter aberto os olhos.
Grace sorrio para mim. Suas palavras foram zombeteiras, mas a voz era carinhosa:
- Isso é tudo o que você tem a oferecer?
Toquei seus lábios de novo, e dessa vez, o beijo foi bem diferente. valeu por seis anos de espera, sua boca criando vida sob a minha, com gosto de laranja e desejo. Seus dedos percorreram meu rosto e mergulharam nos meus cabelos antes de me enlaçar o percoço, vivos e frescos em minha pele quente. Eu me sentia selvagem e domesticado, e feito em pedaços e perdido entre tudo isso ao mesmo tempo. (...)"

Calafrio - Maggie Stiefvater (pág. 80)

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