quinta-feira, novembro 11

..:: Espera ::..

Deus, eu odiava essas reuniões onde pessoas (dês) conhecidas fingem gostar umas das outras apenas para dar uma satisfação para a "sociedade". A nossa, em questão, era esse grupo de pessoas que se encontraram pela vida e se afirmam amigos.

Não que eu não gostasse de uma ou duas, mas a verdade é que eu, tímida como sou, detesto estar entre pessoas que possivelmente me farão como o centro das atenções. Principalmente quando estamos festejando o aniversário de uma delas. Ana, a minha "melhor" amiga. Certo, eu gosto dela sim, mas sinceramente, reunir pessoas que mal você fala apenas para festejar seus míseros 18 anos, sinceramente não faz muito minha cabeça.

Estamos terminando o colegial e cada um, a partir de agora, seguirá seu caminho, e isso eu acho que está fazendo uma confusão na cabeça de muita gente. Felipe, por exemplo, que está conosco desde... Bem, sempre. Acabou de receber a notícia que passou no vestibular. Ótimo não? Bom, seria se não fosse em outra cidade. Ana vive me perturbando a vida falando que é para eu ir falar com ele. E eu não entendo porque isso.

- Você realmente não vai falar com ele? - Chegou Ana por trás de mim quando eu estava distraída acompanhando a chegada de Felipe à casa.

- Falar? Sim, deixa ao menos ele entrar em casa.

- Você entendeu. - falou ela se afastando e indo falar com as pessoas que acabaram de chegar.

Sim, eu sabia do que ela estava falando. Desde que ele avisou que iria para uma nova cidade, estranhamente eu tenho ficado triste por motivos bobos. Exemplo desses motivos? Agora, por que ele está demorando tanto para vir falar comigo? Ele mesmo não fala que somos melhores amigos? Então, por que ele não vem logo falar comigo? É estranho se ver apaixonada por um amigo seu. Você nunca sabe se a recíproca é verdadeira.

Cansei de ficar esperando ele vir falar comigo, sai da sala e fui para uma varanda que existe na casa da Ana, meu lugar preferido da casa dela quando ela está cheia de pessoas, como agora. Sentei em um banco que existe lá e fiquei admirando as estrelas. O ruim é que esse "admirar as estrelas" não me tiram da cabeça o motivo do Felipe não ter vindo falar comigo. Levantei e olhei para dentro da casa para ver o que estava se passando.

Sabe aqueles pequenos momentos em que você se arrepende de ter nascido? Pois é, esse foi um deles. Lá dentro, eu avistei Felipe com um dos braços envoltos em uma garota nova. Ok, ela não era tão nova assim, ela estava no segundo ano e havia acabado de chegar de outra cidade. Eles estavam... Rindo. Ele estava rindo com ela. Nunca eu tinha visto Felipe sorrir assim com a gente. O que essa garota nova tinha afinal de contas que todos precisavam gostar dela. E por que ELE estava ao lado dela?

Sem entender direito o que estava acontecendo, sai de onde eu estava, e fui para o jardim. Minha sorte era que o jardim da casa da Ana era enorme, cheio de árvores. Comecei a andar sem rumo, mas na verdade eu sabia para onde eu estava querendo ir. Encontrei o que eu estava procurando escondido por trás de várias árvores novas. Era o nosso antigo balanço, onde eu, Ana e Felipe brincávamos quando éramos criança. Era incrível o que um simples balanço faz com as nossas memórias.

Quase que instantaneamente eu voltei para a nossa infância. Onde nada era tão complicado assim. Você falava que gostava do garoto, ele falava que gostava de você, e pronto, começávamos a brincar. Deus, como eu sentia falta daqueles tempos.

Sentei no balanço e fiquei encostada na corda indo para frente e para trás. Depois de um tempo notei que minha visão estava estranhamente embaçada e meu rosto estava molhado. Realmente, as lágrimas são sumos que saem pelos olhos quando se espreme o coração. Nossa e o meu estava doloridamente espremido. Fiquei sentada no balanço lembrando da visão de Felipe rindo ao lado daquela menina. De repente ao invés da tristeza me deu raiva daquela garota.

- Garota mais idiota, por que ela não sai com os garotos da idade dela? Ela tinha que vir para a NOSSA festa? Ela tinha que vir COM ELE? E ele? O que está fazendo com ela? Provavelmente ele esteja gostando da companhia dela! Certo, que ele fique com ela, mas ao menos a boa educação diz que devemos falar com todas as pessoas que estão em um local...

- Eu teria falado se tivesse encontrado você quando entrei. - Ele falou com aquela voz linda atrás de mim. - Mas parece que você adora se esconder dessas reuniões chatas em que temos que manter aparências. O que você está fazendo aqui?

- Me escondendo. - Falei de uma maneira estranha. Meu coração parecia que iria sair de dentro do meu peito de tão disparado que ele estava.

- Bem... - Falou ele se aproximando mais de mim sorrindo - Oi! - Falou ele quando chegou perto. - Estava com saudades.

- Lipe, nós nos vemos de manhã.

- Eu sei... - Falou ele chegando mais perto. Droga por que ele tinha que ser tão alto assim. Ele foi me encostando na árvore. - Mas mesmo assim, eu sinto saudades de você quando fico longe.

- Então, você irá sentir muitas saudades então, certo?

- Talvez! - Falou ele me prendendo entre ele e a árvore.

- Talvez? Do que você está falando? - Eu estava tão nervosa que não sabia se estava falando alto demais para tentar fazer com que ele não escutasse meu coração bater como ele estava batendo.

- Eu recebi o resultado do vestibular daqui. Aprovado e com louvor. Escolhi ficar por aqui.

- Is-Isso é mui-muito bom.

- Por que você esta gaguejando? - Perguntou ele sorrindo aproximando cada vez mais o rosto perto do meu.

- E-eu n-não est-estou ga-gaguejando!

- Tem certeza? - Perguntou ele com o rosto tão perto que dava para sentir o gosto da pasta de dente dele.

Eu ia falar alguma coisa, mas sabe aqueles momentos em que o mundo ao teu redor parece não andar? Pois é! Aquele foi o beijo que eu estava esperando desde... Bem, sempre!

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