segunda-feira, março 7

Era um dia qualquer, em uma empresa qualquer. Os funcionários faziam seu trabalho rotineiro, quando uma das funcionárias, passou pelo setor rápido demais e com a cabeça baixa demais para que seus colegas pudessem notar que de seus olhos caiam lágrimas. O que será que havia acontecido com ela. Uma das suas melhores amigas foi atrás dela. Ela já sabia o que estava acontecendo há tempos e simplesmente decidiu não falar mais nada em relação aquele assunto. Mas sempre que ela precisava, ela estaria por lá para dar o apoio necessário.

Ela o amava demais. Muito mesmo. Estranho era como esse amor se manifestara e tomara conta dela de tal maneira que nem ela podia lutar contra. A sua razão, sabia que simplesmente não era para eles ficarem juntos. Ele, apesar de ser um brilhante profissional, era imaturo e não sabia lhe dar muito bem com outro ser humano. Nos vários momentos em que eles dois estiveram juntos, antes mesmo de terem começado uma tentativa de relacionamento, ela comentava isso com ele “você precisa aprender a lidar melhor com as pessoas, sabia?” Sempre que ela começava a falar, ele se virava para cima dela e ela simplesmente esquecia os cinco minutos anteriores aos seus beijos. Então, ela resolveu seguir em frente, doeu quando ela teve que se despedir dele, mas ela precisou fazer isso.

“Você tem outra pessoa, é isso?” Ele sempre perguntava isso dela, ela sempre negava. Não, não havia outra pessoa, não podia haver, o amor que a consumia era maior até que ela mesma, então, ela não podia ter outra pessoa. Não no lugar dele. Era imperdoável que ela colocasse outra pessoa no lugar dele. A ânsia que ela tinha de que ele a tocasse... Simplesmente a fazia perder alguns bons minutos do seu dia. Ela sempre o avistava de onde ela ficava, sempre fazendo de conta que não o enxergava, e sempre, SEMPRE tentando ser o mais imparcial possível. Até que em um determinado dia, ela não pode mais agüentar. Ele chegara com uma mulher no trabalho. Daquelas que parecem uma modelo. E ela no alto de seus 1, 60 e poucos se sentiu uma misera mosquinha. Pensando que seria irracional que ele olhasse para ela, afinal de contas, porque ele teria olhado para ela? Isso, sua razão entendia, porém, seu coração, machucado demais insistia em bater sem ritmo. Ela ficou sentada em sua cadeira, não se moveu para conhecer a tal mulher... Fizera questão, inclusive de não querer saber do nome dela, ela ficara sozinha em seu cubículo totalmente organizado. Durante boa parte do dia, ela mal levantou da cadeira. Sua companheira até havia esquecido que ela havia ido trabalhar de tão quieta que ela estava. Sua companheira somente notou sua presença quando escutou um choro baixo quase imperceptível (na verdade ela somente escutou por estar um silêncio total na sala naquele momento) e ficou bem preocupada com ela. Mas ao perguntar o que estava acontecendo, ela apenas respondeu que era gripe. Lógico que a amiga sabia que não era nada disso, mas resolveu ficar calada e esperar o momento certo para poder conversar com ela.

Durante o resto do dia, ela enxugou suas lágrimas e tratou de trabalhar. O problema era que naquele dia ela teria que trabalhar direto com ele. Durante o expediente, ela foi completamente profissional com ele, tratando-o bem, mas completamente frio e distante. E lógico, tratou de ficar o mais distante possível dele nos momentos casuais... Era o máximo que ela poderia fazer.

Os dias que se passaram simplesmente foram os piores pra ela. Ela chegava em casa, se trancava no quarto e não saía mais, mesmo quando os amigos ligavam para ela sair com eles, ela não ia. A mãe já estava ficando realmente preocupada com isso. No trabalho? Ela simplesmente fazia tudo no automático. Ria quando era preciso, falava quando perguntavam, mas na maioria do tempo, ficava sentada em seu cubículo calada fazendo seu trabalho rotineiro. Ela mostrava alguma melhora quando ia ao atendimento ao público, mas isso era somente para cobrir sua colega que estava em seu intervalo.

Doía olhar para ele, doía ter que falar com ele. Ela queria distância dele o máximo possível, mas não conseguia. A saudade que ela sentia dele era maior a cada dia e isso a estava matando.

Então, ele, um dia apareceu em seu cubículo para perguntar algo que ela não se lembrava. Escutar a voz dele era simplesmente perder a noção do tempo/espaço. Ela fez seu trabalho e depois entregou para ele todos os formulários. Ele pegou os papeis das mãos dela e ficou olhando-a. Era isso que ela temia e fingiu que ele não estava por lá.

“Você está diferente, sabia?”

“Sério? Eu estou normal. Trabalhando apenas”

“Vamos sair algum dia desses?”

Ela sorriu, se levantou e foi indo em direção a porta que dava para a cafeteria, aquela hora ela estava vazia, e o cafezinho era uma boa pedida. Ele foi logo atrás dela, tentando entender o comportamento dela nas últimas semanas. Ele esteve ocupado demais tendo que ficar para cima e para baixo com aquela magrela filha de uma tia distante. Sentiu-se feliz em finalmente ter que se livrar dela. E mais, ele estava “roxo” de saudade do calor do corpo da mulher que ele finalmente entendeu que amava.

“Eu não estou entendo você...”

“Com vai sua namorada?” – Ela quase não conseguiu pronunciar a última palavra.

“É por isso que você está assim?”- Perguntou ele soltando uma gargalhada. Ela vendo aquilo se sentiu mais humilhada, triste que antes e foi em direção da porta. “Escute um pouco, ela não é minha namorada, ela é a filha de uma prima de não sei quantos graus da minha mãe e...”

“E eu acredito em papai Noel!”

“Não, você tem que me escutar. Esses últimos dias, que se transformaram em semanas, foram as piores da minha vida, você longe de mim. Mal falando comigo, estranha, calada. Você não é assim, você é alegre e seu sorriso irradia esse escritório como nenhum outro. Estive distante, eu sei, mas porque eu tive que ficar pra cima e pra baixo com ela. Eu amo você, você ainda não entendeu isso?” – Falou ele chegando perto dela o máximo possível. “Você é a coisa mais linda que eu já consegui conhecer, você é incrível...”

Ela escutando aquilo começou a chorar. Não sabia como agir com tudo aquilo. Sua vontade era de correr para os braços dele, mas ao invés disso, correu para fora do refeitório. Ele foi atrás dela e conseguiu em tempo segurar seu braço.

“Afinal de contas, o que está acontecendo com você?”

“Volte... Volte para a sua namorada!” – Ela falou com aquela dor na última palavra.

“Droga, você... É VOCÊ a minha namorada!”

“Eu...”

“Ah... Fique calada!” – Ele a envolveu em seus braços e pela primeira vez soube o que é beijar alguém que ele realmente amava!

Lobinha.

Um comentário:

Eddy disse...

Delícia de história. Quero mais...