Caminhada...

As luzes da cidade se acendiam lentamente. Era um lirismo que poucas pessoas, ou quase nenhuma, reparavam, pois ou estavam correndo apressadas ou estavam estressadas demais, fugindo do trânsito para notar tamanha beleza.

Naquele dia, ela não estava querendo dirigir. Não queria se estressar, queria apenas estar bem com ela mesma; coisa que há muito tempo não acontecia. Deixou o carro na garagem o prédio em que trabalhava e foi andando. Sua sorte? O prédio ficava numa das ruas mais movimentadas, vivas e importantes da cidade.

O canteiro central, importante cartão postal da cidade, já estava decorado para a semana santa. Logo ela lembrou que teria que visitar os pais e só voltar à sua vida real, segunda pela manhã.

Reparou que pessoas de toda sorte de comportamento passavam por ela em seus carros – de luxo ou não – ou a pé. Alguns rapazes com seus patins passando rapidamente por ela. Alguns até soltavam algum gracejo que, devido a rapidez, ela não conseguia compreender, mas sentia-se plenamente contente. Outros, olhavam, curiosos, àquela mulher caminhando, em seu próprio mundo, sem se importar muito com o que acontecia ao seu redor. Isso a divertia.

Parou numa grande e importante livraria. Em seus dois blocos – um com livros apenas de artes, outro com livros variados – pessoas conversavam nos cafés ou procuravam livros para matar sua fome de conhecimento. Resolveu comprar um livro no melhor estilo “Becky Bloom”. Não queria nada pesado para aqueles dias, queria sorrir naturalmente.

Depois continuou seu trajeto. Olhou as primeiras luzes se acenderem na rua. O contraste das luzes frias da rua com o céu completamente colorido quente do por-do-sol enchiam sem coração de paz. Aquele tipo de paz que poucas vezes conseguimos alcançar quando, enfim, encontramos alguma serenidade, mostrando que tudo, enfim, estaria bem.

Vanessa.