quarta-feira, abril 25

Um fardo duro de carregar


Eu já tenho 27 anos. Não tenho dinheiro nem perspectivas. Já sou um fardo para meus pais e estou com medo. Então não me julgue Lizzie, não ouse me julgar."
 
Charlotte Lucas (Orgulho e Preconceito – Jane Austen)



Vocês já me viram falando muito sobre orgulho e Preconceito, me viram suspirando pelo Mr. Darcy, do quanto eu o acho perfeito e da Elizabeth Bennet, do quanto eu gostaria de me parecer com ela, pois ela é minha heroína preferida (Acho que todas as mulheres da minha idade, já sonharam em ser como ela)’, mas a personagem mais intrigante da história é a Charlotte. A descrição dela no livro, é de uma mulher solteirona, a beira dos trinta anos, que lhe falta beleza e dinheiro para poder arrumar um marido. 

Na época vitoriana, essas condições eram um pesadelo para toda e qualquer moça. Em contraste claro, com as meninas Bennet todas lindas que logo arrumariam um marido de boa condição social devido sua beleza. Então, Charlotte abstém-se da característica mais marcante das mulheres, o romantismo, pois ela mesma fala que não tem tempo para o romantismo, pois vê-se sem tempo para sonhar com o príncipe encantado. Então aceita a proposta de casamento com um homem do qual não ama, mas que pode lhe oferecer o conforto de um nome e um lar. O homem no caso é o idiota do primo de Elizabeth, Mr. Collins (Nos filmes ele é apresentado como um homem completamente sem atrativos, mas no livro, ele apenas não se dá bem com a família da protagonista).

Fiquei me perguntando quantas mulheres se sentem uma Charlotte, pois muda o tempo, mas algumas regras universais não mudam... Quantas mulheres não acabam se casando com pessoas das quais não nutrem nenhum tipo de sentimento apenas para não ter que ficar sozinha? E pelos mais variados motivos? Seja porque  elas deixaram de acreditar nessa coisa mágica que é o tal amor [e nessa categoria eu me encaixo], seja porque é a única saída para uma vida melhor?

Não se enganem, ainda há sim várias Charlotte no mundo, e não são poucas. Lembro que, lendo o livro, eu tinha pena dela, pois ninguém merece um destino como o dela, mas sabem? Eu entendo perfeitamente a atitude dela, chega uma hora na vida da gente que a gente se pergunta: E agora? E é essa pergunta que assombra muitas pessoas a vida inteira... Você se sentir perdido na sua vida, não ter dinheiro nem perspectivas na vida, realmente não é bom!

Então, quando a pessoa encontra uma saída para essa confusão toda que sente dentro de si, sempre vai existir alguém para julgar suas atitudes, porque, por mais que ninguém seja perfeito, exige-se perfeição por parte das outras pessoas, o que acaba piorando bem mais a situação das pessoas.

Um conselho, evite julgar as atitudes das pessoas, tente entender porque certas pessoas são do jeito que são, sempre existe uma explicação... Caso você não tenha paciência para isso, apenas entenda, que, se ela é age de determinada maneira é porque existe um motivo, SEMPRE existe um motivo.

Afinal de contas, a Charlotte teve que abrir mão dos sonhos que tinha para poder resolver um problema que a acompanhava para que pudesse deixar seus pais felizes...

Vanessa




Um comentário:

alexandre disse...

Não se compare nem um pouco a ela. Sendo por isso, eu Alexandre Frederico Costa Bastos, sou um estragado. Na morte de meu pai, fiquei com minha mãe. Ano passado pensei que ela estava com câncer e enfrentei uma barra com ela. Conclui minha faculdade e larguei minha carreira para retomar um negócio que meu pai deixou que meus irmãos não faziam o menor prestigio. E até hoje, é desse negócio que, basicamente, vivo. Vitória: tenho um sustento. Derrotas: Sozinho, amargurado, sem filhos, se minha mãe morrer não tenho ninguém, pois contar com meus irmão é melhor nem contar. Ou seja, estou fumado da vida e mal pago. Mas de um modo geral, todos pagamos preços por nossas ESCOLHAS. Eu estou pagando o meu até hoje.