quarta-feira, abril 11

Uma história de amor - Parte 2


Parava as lembranças nessa parte, pois depois disso, as palavras proferidas foram de amargura, dor... Seu peito doía todas as vezes que se lembrava disso. Arrependeu-se no instante seguinte, mas já estava feito. Tentou procurá-la quando teve certeza de que ela falara a verdade, mas ao vê-la num parque ao lado de Gustavo voltou triste para casa.

Este tempo em que estavam separados, Rafael tentava em vão, esquecê-la. Mas Vanessa saiu tão abruptamente de sua vida, que deixou todas as suas coisas no chalé. Roupas, joias, perfumes... Objetos que Rafael guardava com carinho e zelo onde antes era o escritório. Ele ansiava por ter uma oportunidade para ter Vanessa novamente em sua vida.

Daquela vez ele não perderia a oportunidade de ao menos tentar falar com ela. Ele ainda a amava como da primeira vez, só não sabia como demonstrar isso. As margaridas funcionaram da primeira vez, no apartamento de Porto Alegre, mas agora? Ela provavelmente as jogaria fora assim que descobrisse quem as mandou.

Ela está linda, mas... Por que ela cortou tanto o cabelo?” – Foi o pensamento dele. Na verdade, o cabelo dela estava na mesma altura de quando eles se conheceram, mas, para ele, estava quase um corte militar.

Vanessa chegou ao seu carro e saiu na direção de seu apartamento. Mas no meio do caminho resolveu mudar e ir ao shopping na intenção de ver algum filme para espairecer. Parou o carro um pouco distante. O shopping aquele horário estava lotado e sabia que estacionamento mais perto seria impossível de encontrar. Olhou para o relógio. Viu que estava em cima da hora, mas se corresse, ainda conseguiria pegar uma sessão cedo.

Rafael sempre se fazendo de anjo da guarda, manteve-se distante, vigiando-a. Ela era completamente inconsequente de estacionar tão distante assim. Gramado era uma cidade pequena, mas não era seguro, principalmente para uma mulher, ficar andando sozinha à noite.

Menina inconsequente” – Pensou preocupado.

Comprou ingressos para a mesma sessão que ela, sentando-se em um local que pudesse avistá-la sem correr o perigo de ser visto. O filme era de uma comédia romântica boba que todos estavam falando. Avistou o rosto de Vanessa brilhando... Ela estava chorando. A avistou se encolhendo na poltrona. A vontade de ir até lá, abraçá-la, beijá-la o torturava.

Por que você tinha que escolher esse maldito filme, menina?” – Rafael queria ir até ela. Doía todas as vezes que a via chorando. Dessa vez não era diferente.

Vanessa fizera uma péssima escolha... Ao ver que era um filme nacional, pensou que provavelmente seria alguma coisa como os tantos que já havia visto, mas o teor do filme fora uma faca em seu coração. Era uma dor tão profunda que as lágrimas logo apareceram. Resolveu sair mais cedo da sessão e ir embora, se teria que ficar sozinha por duas semanas, que enfrentasse logo seu medo.

Ao chegar em casa ligou a TV com um volume um pouco alto. Aquilo a fazia pensar que havia mais gente na casa. Tomou um banho, vestiu sua camisa de manga comprida e foi logo se deitar. Se adormecesse rápido, ficaria menos tempo sozinha. Naquele dia Gustavo não telefonou.

Do lado de fora do apartamento, Rafael estava observando cada movimento dela. Preocupou-se, mais uma vez, pois sabia do imenso medo que sua menina tinha em ficar sozinha.

Idiota, como ele foi deixá-la sozinha? Será que ele não sabe que ela não gosta de ficar sozinha?” – Por mais que ele não quisesse, estava cada vez com mais raiva de Gustavo e dele principalmente. Não conseguia imaginar sua menina nos braços de mais ninguém. E fora ele mesmo quem a fez procurar outra pessoa. Ele precisava encontrar uma forma de se reaproximar, e teria que ser rápido.

Num ato de coragem, saiu do carro e se dirigiu ao apartamento. Não teria nada a perder, e o máximo que receberia era uma porta na cara. Mas ficar nessa angústia de não tentar, estava sendo bem pior. Subiu correndo as escadas e parou quando encontrou o apartamento. Agradecia a Deus por ter uma amiga tão fiel quanto Júlia, que “distraidamente” lhe falou o endereço da Vanessa, certa vez.

Ficou algum tempo parado na porta do apartamento pensando se não seria loucura, mas não queria perdê-la novamente. E ele estava morrendo de saudade da pele macia da Vanessa. Outra oportunidade não teria. Então tocou a campainha e esperou.

Vanessa já estava adormecendo quando escutou a campainha insistente. Provavelmente seria a dona Joana querendo mais alguma coisa para seus quitutes. Ela adorava a vizinha, mas essa mania de bater em seu apartamento tarde da noite já estava começando a perturbar. Vanessa precisaria encontrar uma forma de falar para a amiga que ela precisava descansar e que isso a atrapalhava.

Dona Joana, eu desta vez vou ficar lhe devendo...” – Vanessa estava falando no momento em que abriu a porta e deu de cara com Rafael. Ficou completamente sem reação ao vê-lo ali, a poucos centímetros de distância. “Ra-Rafael?”

Rafael não esperava uma abordagem dessa maneira. Vanessa abriu a porta de maneira tão inesperada que o fez parar de pensar. Primeiro porque ele nunca soube de uma atitude assim dela. Geralmente ela era bem delicada e educada ao atender a porta. Depois porque Vanessa apareceu com apenas uma camiseta de manga comprida que mais parecia um vestido, desabotoada nos três primeiros botões de cima, com um perfume inebriante.

Os instantes foram poucos, mas ao encontrar os olhos de Vanessa, encontrou entre muitas emoções, uma tristeza enorme. Isso o fez tomar coragem para puxá-la para seus braços lhe beijando de maneira possessiva, selvagem. Um beijo cheio de saudades. Vanessa retribuiu o beijo no primeiro momento envolvendo-se em seus braços, explorando a boca de Rafael com a língua, procurando a dele numa verdadeira explosão de paixão, desejo, e principalmente amor.

Nenhum comentário: