quarta-feira, dezembro 5

Tempo





**Leiam o texto escutando esta música**

Era um dia qualquer. Ela estava em seu cubículo trabalhando. Outras pessoas olhavam achando que ela estava concentrada com a matéria que estava trabalhando, mas se chegassem mais perto veriam que as coisas não eram bem assim e que a folha ainda estava em branco. Isso estava acontecendo porque ela estava lembrando dele, de seu sorriso e de como ele fazia bem a ela de uma forma que ela nunca imaginara.

Veio o inevitável: medo e insegurança juntos não são uma boa combinação na vida dela. Essas duas qualidades juntas, sempre fizeram com que ela fizesse besteiras irreparáveis. Dessa vez, ela se afastou dele. Evitava encontrá-lo no trabalho e fora dele.

Ele tentava, a todo custo, mostrar a ela o quanto a amava, e o quanto ela era especial, mas ela sabia que isso era passageiro. Quando sentimento demais está envolvido, as pessoas tendem a sofrer de formas diferentes, umas mais que as outras, e ela sabia que poderia vir a sofrer mais do que estava disposta a sofrer. Então se afastou.

Na verdade, ela queria mesmo era se jogar nos braços dele, sentir o toque delicadamente forte dele, os beijos apaixonadamente demorados que ele tinha, mas sempre recuava. Se arrependera no momento seguinte, mas agora, sabia que não dava mais para voltar atrás. Então continuou, mudou de turno de trabalho, deixou de sair um pouco com a turma... Tudo para evitar encontrá-lo.

Isso estava acontecendo porque ela sempre teve medo do incontrolável. Nunca gostou de perder o controle das coisas, sempre teve uma vida sem muitos problemas, sempre controlando todas as situações, e o que ela sabia que nunca poderia ser controlado era o sentimento.

Se apaixonar para ela estava fora de questão, pois isso significaria que ela perderia o controle de sua vida, de seus pensamentos. Temia, inclusive que nunca se apaixonara na vida, seus namorados sempre foram pessoas das quais ela admirava, mas nunca nutria algo mais forte que isso. Quando um relacionamento terminava, ela simplesmente dormia e no outro dia, iria fazer suas coisas como sempre fez sem mudança completa. Até conhecê-lo. Ele com toda sua segurança não percebida, chegou para bagunçar sua vida, sua mente e seu coração. Seu sorriso, suas mãos, tudo nele chamava atenção dela. Para piorar, ele sempre disposto a ajudá-la com seu romantismo e inteligência.

Naturalmente surgiu a amizade, naturalmente eles se tornaram mais íntimos... Então veio o primeiro beijo – roubado – e tudo ao redor dela parou. No momento que ele a tomou nos braços a beijando no meio de uma frase idiota qualquer, tudo parou e ela sabia que estaria completamente incontrolável. E ela não podia deixar isso acontecer... Ela não conseguia parar de pensar nele e no bem que ele fazia a ela... O medo de perdê-lo apareceu depois de um sorriso não percebido... Então ela se afastou...
Ela se afastou, mas seu corpo gritava pelo toque dele, sua boca ardia pelos beijos dele, ela temia não conseguir ficar longe, temia não conseguir mais viver sem ele. Por várias vezes ela tentava... Mas seu medo era muito maior... 

O que ela não sabia era que ele, dentro de toda sua segurança não percebida, desejava aquela mulher de corpo e alma, mais que ter seu corpo, que foi a melhor experiência da vida dele, talvez tenha sido a primeira vez que tenha feito amor, ele queria estar dentro da sua alma, dentro do coração dela... Amava aquela mulher como nunca amara ninguém antes, e nem o medo, nem mesmo a insegurança idiota dela o fariam mudar de ideia.

Ele se divertia ao vê-la tentar se afastar, quando sabia que ela não conseguiria por muito tempo. Apenas começou a se preocupar quando viu que ela havia mudado de horário de trabalho. Aquilo já estava ficando ridículo... Então ele foi até ela, se ela estava fazendo de tudo para se afastar, ele a tomaria novamente em seus braços, precisava apenas de um beijo e uma cama para fazê-la parar com idiotice.

Esperou um dia em que ela estaria sozinha, ela e sua péssima mania de terminar todo o trabalho antes de ir para casa... Ela estava sozinha, escutando uma música com uma melodia intoxicante, perfeita para aquele momento, falava de... Tempo, tudo que ele precisaria, tempo... Ficou admirando sua concentração no trabalho enquanto cantarolava a música baixinho, sorriu novamente, ela ficava linda a meia luz. Foi até ela, a partir daquele momento era apenas seu desejo e o grande amor que o estavam guiando.

Ela o avistou chegando perto. Queria fugir dele mais uma vez, porém, alguma coisa a fez ficar, seu corpo, seu desejo, seu amor a fizeram ficar... O viu sorrindo para ela, o viu chegando perto. Sentiu o delicado puxão dele a tirando de sua cadeira. O beijo que aconteceu só teve como testemunha os mais privilegiados deuses do amor e do desejo.

Vanessa.