sexta-feira, janeiro 11

Sobre o amor...



Livro: O temor do Sábio – Patrick Rothfuss.

(...) “O amor é uma dessas coisas. Você tem conhecimento do que ele é, mas ele foge de uma explicação criteriosa.

- O amor é um conceito sutil – admiti – É esquivo, como a justiça, mas pode ser definido.

Os olhos dela cintilaram.

- Pois então faça isso, meu brilhante aluno. Fale-me do amor.

Pensei por um rápido instante, depois de um longo momento.
Vashet riu.

- Está vendo como será fácil eu encontrar furos em qualquer definição que você dê?
- O amor é uma disposição de fazer qualquer coisa por alguém. Até em detrimento de si mesmo.
- Nesse caso, em que o amor difere do dever ou da lealdade?
- Ele também se combina com uma atração física.
- Até o amor materno? – perguntou Vashet.
- Combina-se com uma afeição extrema, então – emendei.
- E o que você quer dizer exatamente com “afeição”? – perguntou ela, com uma calma de enfurecer.
- É... – deixei a voz se extinguir, quebrando a cabeça para pensar em como poderia descrever o amor sem recorrer a outros termos igualmente abstratos.
- É assim a natureza do amor – disse Vashet. – Tentar descrevê-lo enlouquece uma mulher. É isso que mantém os poetas rabiscando sem parar. Se um deles conseguisse prendê-lo num papel, completinho, os outros pousariam suas penas. Mas isso é Impossível. – Ela ergueu um dedo e acrescentou: - No entanto, só um louco afirmaria que o amor não existe. Ao vermos dois jovens se completando com o olhar derretido, lá está ele, tão denso que se poderia espalhá-lo no pão e comê-lo. Ao vermos uma mãe com seu filho, vemos o amor. Quando o sentimos a nos agitar o peito, sabemos o que é. Mesmo que não sejamos capazes de exprimi-lo em palavras. – Vashet fez um gesto triunfante.” (...).

(Págs. 718/719)

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