terça-feira, fevereiro 12

Missão: um filme.


Argo fuck yourself

O ano? 1980. O país? Irã. Graças a coragem de um homem e a compaixão de outro, seis diplomatas americanos, que estavam em cativeiro num país hostil, puderam voltar para casa sem sofrer nenhuma retaliação por parte de seus inimigos. Essa é a trama principal de “Argo” (2012), filme mais que favorito para levar o grande prêmio da Academia de Artes Cinematográficas, agora no próximo dia 24.


Poderia ser mais um filme, em uma longa lista, de exaltação americana, onde eles salvam o mundo, mas não. O filme mostra quão frágil eles são e quão sozinhos eles podem estar em momentos de desespero; e se não fosse a compaixão do embaixador canadense da época, o final deste episódio poderia ter sido diferente.

Argo conta a história de um agente da CIA, Tony Mendez (BenAffleck) que foi chamado de última hora para se infiltrar no Irã quando a embaixada americana foi invadida e resgatar seis diplomatas americanos que estavam reclusos na casa do embaixador canadense Ken Taylor (Victor Garber – Titanic). Sem uma missão coerente, Mendez tem a ideia de se infiltrar no país como um produtor de cinema que juntamente com sua “equipe” estariam escolhendo cenários para uma ficção científica por nome de Argo. Com a ajuda de John Chambers (JohnGoodman) e de Lester Siegel (Alan Arkin), maquiador e diretor respectivamente, ele criou toda a pré-produção que um filme precisa, inclusive pôster e reunião com repórteres e críticos cinematográficos.

A primeira parte do filme, em que Mendez está atrás de fundos para “sua produção” é uma escola de bons filmes passando pelos olhos dos mais atentos cinéfilos. Citações de filmes famosos, bem como de atores da época fazem parte de boa parte do filme. Além de mostrar como é feita essa pré-produção como escolha de figurino, captação de recursos, reunião com a imprensa e tudo o mais.

Ben Affleck nos brinda com uma direção enxuta, sem grandes exibicionismos, nos mostrando que, atrás de uma câmera ele é objetivo e claro naquilo que quer passar. Ele consegue passar o nervosismo necessário para as cenas (umas mais outras menos) sem fazer grandes malabarismos para isso. Mas são as interpretações de Alan Arkin e John Goodman que tornam o filme um pouco mais leve. 

São através dos personagens deles que está a maior graça do filme. Talvez até tenha sido proposital, pois o enredo já era pesado demais. Alan Arkin, como sempre, roubando a maior parte das cenas em que ele aparece.

Tendo como base uma história real, a produção de arte do filme foi perfeita. Tanto na caracterização dos personagens, principalmente quando caracterizados os diplomatas, como na ambientação dos mesmos para o início dos anos 80 com roupas, cabelos e maquiagens.

A trilha sonora ajudou bastante na ambientação da produção. Muitas vezes ela pareceu invisível, mas sem ela, a boa parte do drama dos personagens não existiria.

Argo está com prestígio nessa época de premiações cinematográficas conseguindo os mais importantes prêmios dos Estados Unidos e fora dele. Resta aguardar o dia 24 para saber se, a Academia também tem a mesma linha de pensamento.

Vanessa Carvalho.

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