segunda-feira, fevereiro 1

Procurando você

 

Sabe aqueles dias em que não eram nem meio dia e você já está cansado? Aquele era um desses dias. Por algum motivo, antes mesmo do almoço, eu já estava exausto. A reunião que tive pela manhã com os diretores não foi tão produtiva quanto eu esperava.

Dispensei o carro do aplicativo e fui caminhar um pouco. Apesar de estar próximo do meio dia, não estava quente como o costume, pelo contrário, estava um clima até bom para caminhar e pensar na vida. Eu estava entediado, essa era a grande verdade. Há tempos eu ria sem vontade, conversava com as mesmas pessoas sobre os mesmos problemas.

Então sai caminhando sem rumo pelas ruas da cidade. Era uma avenida comercial. Várias lojas, várias pessoas àquela hora do dia fazendo suas compras. Estávamos no mês de outubro, muitas lojas já mostravam suas decorações de Natal... Suspirei... Natal... Sabia que teria que ver minha família e eu não estava tão animado para isso. Eram sempre as mesmas perguntas: 'quando você vai se casar?'... Sempre achei que eram as mulheres quem tinham esse tipo de problema... E eram, mas minhas primas todas já estavam casadas. Então sobrou pra mim... E eu não tinha ninguém que realmente me fizesse mudar de opinião sobre o casamento... Até aquele dia.

Eu estava atravessando a rua quando eu a avistei. Foi por alguns meros segundos, mas seu olhar me prendeu. Era um olhar sincero, puro, inocente e intenso. Desviei sem nem saber o motivo. E naquele momento não notei que meu coração começou a bater mais rápido.

Enfim, segui meu caminho para o restaurante mais próximo. E aquele olhar sempre me vinha à lembrança de tempos em tempos. Eu havia perdido a oportunidade? Em uma cidade grande como essa seria impossível encontrar com aquela mulher novamente.

Fiz meu pedido e como estava sentado perto da janela, fiquei observando o movimento sem muito interesse. Foi quando senti um aroma gostoso de flor de cerejeira, gostava daquele aroma. A mulher que usava aquele perfume deveria ter bom gosto. Mas não me virei para saber quem era a dona.

Meu pedido chegou e comecei a reparar nas pessoas dentro do restaurante enquanto comia. Casais, em sua maioria, fazendo suas compras para evitar a aglomeração do final de ano. Sorri, sendo solteiro, ao menos não tinha que passar por esse tormento.

Então eu a vi. Ela estava sentada afastada das mesas do restaurante. Estava dentro de uma sala que estava escrito 'Administração'... Ela trabalhava aqui? Isso não poderia ser coincidência... Na minha vida essas coisas nunca aconteciam.

Perguntei de um garçom quem era

- Aquela moça sentada na sala? É a dona do restaurante. Está tudo bem com a sua comida?'

Aparentemente o garçom estava preocupado de ter errado em alguma coisa. Me apressei a falar que estava tudo ótimo e que queria falar com ela para lhe dar os parabéns sobre o estabelecimento.

Foi com alívio que o garçom ouviu minha resposta. Me prometeu que, ao final da minha refeição ele traria sua chefe até aqui.

Depois de mais ou menos meia hora, ela chegou. Cheirando a flor de cerejeira... Então ela era a dona dessa doce fragrância? Eu realmente precisava conhecer melhor aquela mulher...

Ela se aproximou rindo, seus cabelos castanhos escuros estavam com alguns fios fora do lugar, o que a tornavam ainda mais bonita. E o olhar... Aquele olhar intenso e inocente que me faria me perder... E eu então notei que não estava com a mínima vontade de evitar isso

 

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