terça-feira, março 22

..:: Despedida? ::..

Bye (?)
Ele continuava com a eterna correria. Por mais que ele quisesse nunca conseguia relaxar para poder descansar. Ele sabia disso, ele gostava dessa correria, mas naquela semana parecia que tudo estava dando errado para ele e para a sua equipe. Nada do que eles faziam, saía da forma como fora planejado. Ele já estava completamente angustiado. Foi quando o mundo dele caiu. Ela falou que iria ter que viajar. Bem até aí tudo bem, afinal de contas, o trabalho dela exigia uma viagem de tempos em tempos, mas daquela vez ele ficou com medo. Um medo infundado, é verdade, mas mesmo assim ficou com medo.

Ela teria que ir para um treinamento, ou melhor, uma reciclagem como os chefes dela mesmo estavam falando. Talvez aquele medo fosse apenas uma reação infundada do tempo que eles estavam sem se ver – já iam para terceira semana que eles não se viam. Ele começou a achar que não era para eles ficarem juntos, afinal de contas, sempre acontecia de eles ficarem longe um do outro de tempos em tempos. Mas longe na mesma cidade era uma coisa, em cidades diferentes a coisa começou a ficar complicada.

Naquela noite ele não conseguiu dormir direito. Ele queria estar com ela, sentir o cheiro dela (Na verdade ele sentia, pois ela acidentalmente derramara seu perfume no travesseiro que ele usava para dormir) que já estava ficando fraco em sua memória. Queria poder falar com ela, mas era tarde demais para ele ligar pra ela.

Os dias foram passando e ele começou realmente a se preocupar, pois, ao invés de o trabalho diminuir, fazia aumentar e aumentar e ele ficar sem tempo. Chegou a desejar que o dia tivesse mais de 48h para poder simplesmente ter tempo de sequer sentir saudades.

Então chegou o dia. Ele havia esquecido que seria o dia que ela iria viajar, e sabia que alguma coisa estava estranha. Naquele dia, por mais que ele quisesse não conseguia se concentrar em nada, não conseguia resolver nenhum tipo de problema... Nada.

Foi como se uma luz acendesse em cima de sua cabeça, ele sem lembrou que seria o dia em que ela estaria embarcando para ficar não sei quantos meses fora. Então ele não teve dúvidas, largou a sua equipe e correu para o carro. O coração dele batia muito forte. Por susto, por ansiedade, mas principalmente por medo. Medo de perdê-la, medo de não conseguir chegar e se despedir. Ele foi em direção do aeroporto, coisa que ele sempre gostou, mas daquela vez, ele estava querendo que não existisse um aeroporto sequer na cidade.

Teria que dar tempo. Ele teria que falar algumas coisas que ele sempre quis, mas nunca conseguiu. Ele queria ter certeza de que ela soubesse o quanto ela ocupava do coração dele. Ela sempre falava que sabia que coisas assim não precisavam ser ditas, mas ele queria que ela soubesse pelo menos que ela escutasse da boca dele. Então ele resolveu pisar fundo no acelerador. Pegou um pouco de trânsito, o que aumentou mais a sua ansiedade.

Quando chegou ao aeroporto, ele havia esquecido que companhia aérea ela embarcaria. Começou a entrar em desespero, pois aquele aeroporto era enorme e demoraria séculos para ele poder encontrá-la naquela multidão. Mas, lembrou que ela não gostava muito de sair da sua rotina, as coisas que ela sempre fazia, fazia sempre, então, ele lembrou que ela falou que viajava somente por uma determinada companhia. Naquela hora, ele agradeceu essa mania dela, mania que ele tanto reclamava. Foi se encaminhando para o balcão de informações para saber onde ficava o portão de embarque. Soube que o voo dela estava um pouco atrasado, então teria um pouco mais de tempo. Foi quando ele olhou para um determinado ponto. De início, ele apenas olhou, mas depois que fixou o olhar, a avistou. Sentada, aparentemente ela estava irritada com alguma coisa, pois estava batendo seu pé mostrando impaciência. Ele sorriu e foi até ela. Logo descobriu que era apenas nervosismo, já que ao mesmo tempo, ela estava com sua nuca vermelha. Essa mania dela, ele não gostava muito. Ela poderia ser machucar.

- Eu achei que não fosse chegar a tempo de falar com você. – Ele falou chegando perto dela. Ele a viu ficar corada.

- Esse voo que está atrasado mais de uma hora e... – Ela estava nervosa em vê-lo. Ele tinha certeza porque ela estava falando rápido sem respirar.

- Você tem que respirar para poder se fazer entender, sabia?

Ela se calou.

- Eu vim aqui para falar uma coisa pra você. Não, eu não vou impedir de você viajar, afinal de contas, é seu trabalho e eu acho que você faria a mesma coisa se fosse o contrário. Mas eu realmente não gosto da ideia de você viajar. Não agora. E nossa, como eu estava com saudades. Não fale nada ainda. – Ele foi se aproximando dela. Tocou seu rosto e ela fechou os olhos e como ela ficava completamente encantadora quando ficava daquela forma. – Eu amo você. – Disse ele. Nesse momento ela estremeceu. Eles estavam juntos há um tempo, e ele jamais havia falado nada parecido com aquilo. – Eu não vou esquecer você. Você pode passar mil anos viajando que eu não vou esquecer você. Você trouxe luz para a minha vida, foi você quem me fez ter alegria, que me fez acreditar... – Ela era um pouco mais baixa que ele, e ela precisou levantar um pouco o rosto. Ela estava com lágrimas nos olhos. – Não chore você não fica bem chorando. As lágrimas impedem de ver a cor de seus olhos. Eu vou estar aqui quando você voltar. Eu vou esperar. Estarei aqui.

Até hoje ele lembra o que sentiu no momento em que a beijou. Até hoje ele lembra os olhos dela no momento da despedida. Até hoje ele espera que ela lembre que ela é o amor da vida dele. E até hoje, ele fala para a filha o quanto a mãe dela ficou distante dele, mas nunca perdeu a esperança de estarem juntos de novo.

Lobinha.

Nenhum comentário: