sexta-feira, abril 29

..::Vida::..

Naqueles dias estava sendo bem difícil. Ela tinha que sorrir! Sorrir quando estava querendo chorar. Aquela celebração a estava afetando mais que a qualquer outra pessoa. Ela estava com seu coração dolorido. Fisicamente estava dolorido. Era como se todos os dias, alguém viesse e arrancasse um pedaço dele com um alicate.

Mais do que nunca, ela queria estar com ele, mais do que nunca ela sentia falta dele, mais do que nunca, a realidade a esmagava como a uma ervilha. Ela se lembrava daquela foto, dos olhos castanhos numa pele branca sorrindo para ela... Um sorriso tímido, humano, lindo. Um sorriso hipnotizante. Ela seria capaz de passar a vida inteira olhando para aquele sorriso.

Ver o perfume dele na loja era o mais complicado. Ela tinha uma vontade imensa de pedir para sentir o cheiro para a vendedora, mas ela não fazia, por mais que a vontade dela quisesse, aquilo era loucura, a razão dela dizia isso.

Razão: ela aprendeu a ter raiva dessa palavra. Palavra tantas vezes usada agora tinha um outro significado pra ela, um significado dolorido, de término. Ele que tantas vezes havia tentado avisar pra ela... Dessa vez estava difícil continuar... Ela não queria continuar sozinha, ela queria que ele estivesse ao lado dela, ou ela ao lado dele (O seu plano inicial).

Mas o comentário de um amigo “era assim que eu te imaginava com ele” e toda aquela badalação daquele casal na cidade dela a fez desmoronar... Como nunca ela havia desmoronado. Nem ela sabia o quanto ela estava magoada... A foto de um beijo... De um olhar apaixonado... Do branco... A fez desmoronar.

Ela sabia que dessa vez não iria procurar ninguém... Não tinha porque fazer isso! Não havia motivos. Por mais que as pessoas falassem, ela se conhecia... Engraçado é que as pessoas não acreditavam nela... Não entendiam.

Ele, mesmo distante, esteve mais perto do coração dela do que qualquer outro homem que já sequer pudesse sonhar em conhecer... Foi com ele que ela se imaginou envelhecer, foi com ele que ela se imaginou tendo filhos, casada... Tendo uma vida!...

Vida... Era uma coisa que pra ela já não existia. Ela sorria, ria, brincava, saía com os amigos, ajudava da melhor forma, estudava, trabalhava,... Mas apenas porque era socialmente correto. Ninguém é uma ilha... Mas dizer que ela É feliz? Não... Ela não é feliz.

Ela estava planejando para mais um ano, ter um filho... Filho que ela queria que fosse dele... Se fosse menino, o nome já estava escolhido... E talvez se ela fosse uma “boa menina” ela o teria no dia 14 de maio. Se não tivesse um filho daqui a um ano, que engravidasse daqui a um ano... Ao menos ela deixaria de se sentir tão sozinha. Mas se imaginar nos braços de outro homem? Impossível. Há mulheres que não se deitam com qualquer pessoa! Ela era uma dessas mulheres.

Era romântica demais para um mundo frio. Era sonhadora demais para um mundo em que o que você tem é o que você vale. Ela evitava se mostrar assim, pois ser assim é ser idiota. Sonhar com casamento hoje em dia a faria ser alvo de organizações feministas no mundo inteiro. Mesmo adorando todo tipo de tecnologia, ela sabia que ELA nascera na época errada. Ela era uma mocinha dos livros da Jane Austen. Já havia se convencido disso no momento em que havia sucumbido àquele grande sentimento.

Ela era a mocinha dos livros da Jane Austen... Num mundo onde ser e o sentir já não valiam de muita coisa.



Lobinha.

3 comentários:

Nanda Caldas disse...

Já sabia do que se tratava nas primeiras linhas, sem nem ao menos terminar o 1 parágrafo. EU sei bem o que é ter pensamentos romanticos na atual conjuntura dos fatos. LINDO, Nessa.

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite.

Estou lhe seguindo.

Maria Auxiliadora (Amapola)

Adelson Bastos disse...

Também estou lhe seguindo mana!

abraços! =*****