terça-feira, junho 3

A culpa nem sempre é das estrelas.





Quando saiu o derradeiro livro/filme de Harry Potter, o mundo ficou se perguntando quem ocuparia o seu lugar no coração de milhões de jovens órfãos. Logo saíram títulos e mais títulos dos mais variados temas para ocupar este vazio. 

Entre amor e ódio, Crepúsculo se tornou o que se tornou depois do filme da Summit, fazendo com que várias obras (Podemos afirmar que seja mais do mesmo) abordando vampiros, lobisomens, zumbis e coisas afins. Não demorou muito para o mundo (Re)conhecer os “prazeres” de uma leitura erótica, antes subjugada à bancas de revistas, através de Cinquenta tons (Chatos) de Cinza e a história do “excêntrico” Mr. Grey e a Srta Steele, que também ganhou sua versão hollywoodiana.

Muito se questionou sobre o rumo que a literatura estava tomando, afinal de contas, sexo e vampiros (E anjos, e bruxas, e lobisomens, enfim...) sempre renderam bons roteiros e livros, mas tudo foi tão massificado, que se tornou enjoativo. Era costume escutar dizeres do tipo “mais um livro de vampiro idiota”.
 
Então, aos poucos, outro tipo de leitura começou a fazer a cabeça dessa garotada completamente antenada no mundo. Distopias através de Jogos Vorazes e Divergente, que apesar de tratarem sobre uma mesma situação são histórias completamente diferentes (E bem divertidas para se ler). Tanto que as duas trilogias ganharam versões altamente rentáveis no cinema. É só parar um pouquinho e ver a bilheteria de Divergente, que já pagou os três próximos filmes da franquia.


Então, os estúdios viram o quanto histórias para “jovens adultos” eram a galinha dos ovos de ouro que eles estavam procurando. Em meio a distopias e refilmagens de filmes dos anos oitenta voltados para esse público, um autor quase desconhecido lançou um título que para muitos (Inclusive essa que vos escreve) poderia ser completamente deprimente.

John Green em seu A culpa é das estrelas, escreve sobre um casal que se conhece num grupo de apoio para pessoas portadoras de Câncer. Apenas com esta informação, o livro poderia muito bem ser um fracasso, pois a morte sempre ronda as pessoas com câncer. Não seria estranho que o fracasso fosse garantido.

Mas, e ai vem a parte da qual eu digo que, quando um autor é verdadeiro e honesto nas suas palavras, está fadado ao sucesso. E assim foi seu livro de capa azul retratando nuvens.

Surpreendentemente a história de Hazel e Gus não trata dos dramas vividos por pessoas com tal doença, retrata adolescentes que simplesmente estão com uma doença que talvez os mate (Ou não). Talvez, por eles saberem que suas vidas estão limitadas, eles consigam viver mais intensamente e pasmem... Com mais alegrias.


O casal protagonista pode ser qualquer adolescente que você conhece (Doente ou não). Eles têm problemas na escola, com os pais, com amigos, problemas de relacionamentos, acham que o amor é eterno e que vão viver eternamente com aquela determinada pessoa... Enfim, adolescentes. Nada mais que isso.

A escrita sincera e honesta do Green, nos faz mergulhar na trama da história de pouco mais de 300 páginas tão intensamente quanto os sentimentos dos personagens. Em meio a frustrações, alegrias, sonhos, medos e incertezas, A culpa é das estrelas, abordando pessoas normais, num mundo normal, mostrou para o mundo que, quando você escreve com o coração sem pretensões de nada, e ainda assim toca a vida de milhões de pessoas no mundo, é porque você está no caminho certo.

A adaptação cinematográfica estreia nesta quinta feira prometendo risos e lágrimas e honestidade para o público que for às salas de cinema assisti-lo. 

É, às vezes a culpa é dos leitores mesmo.


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