domingo, fevereiro 3

Mudaram as estações, nada mudou.

Tudo o que ela mais queria nos últimos tempos era alguém com quem pudesse dividir os fardos da vida, partilha-la com alguém legal e interessante com quem pudesse passar horas e horas conversando sobre a vida, universo, tudo mais. Poder cuidar, mimar com amor e carinho. Ela era assim, solar com quem ela amava.
E isso era um desejo tão forte em seu coração que muitas vezes ela acreditava estar em coma, vivendo presa em seu pior pesadelo: estar sozinha. E ela se sentia sozinha o tempo todo. Diziam que uma característica que ela tinha era não chorar na frente de estranhos (e quando falavam estranhos era alguém exterior a ela própria) e que quando isso acontecia era porque a) ela se sentia confortável com essa pessoa e b) ela estava pedindo ajuda. Ultimamente a única companhia que gostava de estar perto dela era o seu gatinho (Animal de quatro patas) que ficava horas deitado ao lado dela, ás vezes dormindo, as vezes apenas deitado se lambendo.
Ela queria romance em sua vida. Engraçado, pois o mundo havia se tornado algo incompatível com essa palavra. Mas, ao mesmo tempo em que seu coração desejava isso ao ponto de faze-la sufocar, ela sentia medo, pois sabia, lá no fundo, que isso não iria acontecer. Parecia que ela sofria de alguma maldição ou algo do gênero. E isso fazia com que ela acreditasse cada vez menos no amor. Talvez isso a estivesse acabando com a sua essência.
Assim, quando ela queria suspirar por algum amor correspondido, ela se valia de seus vários livros de romance adolescente, daqueles amores que enchem nossos corações de esperanças e isso funcionava, pelo menos por algum tempo. Mesmo que essas mesmas esperanças há muito não estejam mais alimentando seu coração e sua alma.
E ela imaginava tantas vezes um romance, daqueles que até jantar tinha? Sabe, como nos filmes? E ela nem desejava mais o Mr. Darcy, pois sabia que ele só existia no mundo da Jane Austen, ele é alguém perfeito demais para sequer pensar em existir no mundo real. Mas ela queria... Conexão. Poder sentar na sala e assistir algum filme e passar o resto do tempo todo conversando sobre as teorias de conspirações em torno dele. Porque sexo? Se ela quisesse conseguiria até de maneira não tao complicada... Talvez se ela apenas baseasse a sua vida apenas no sexo e deixasse essa besteira de querer conexão pra lá, a vida se tornasse mais simples.
Simplicidade... É tão ruim assim querer algo, uma vida mais simples? Sem muitas complicações? O cara conhece a moça, eles se apaixonam e passam o resto de suas vidas implicando um com o outro? É tão ruim assim querer algo assim?
Depois de tantas ilusões ela preferia se isolar, não SE isolar, mas isolar seu coração, afogar seus sentimentos, querer ser mais fria, mais dura, afinal de contas, a vida real não era compatível com sentimentalismo. Ou apenas talvez, ainda doa a última vez em que ela foi completamente magoada. Seu coração foi destruído em pedaços tão pequenos que ela temia que tenha perdido algum pedaço dele nos caminhos que se seguiram depois disso. Ela se sentira sozinha por toda a vida, era como se vivesse num deserto onde a pessoa mais próxima vivia em “lugarnhehum”.
E o segundo semestre do ano que se passou, ela sentia que havia se perdido também. Se perdera de pessoas e em função disso se sentia errada. E era um pensamento que vivia indo e vindo em seus pensamentos como um eterno e defeituoso looping. E isso a deixava cansada. Não física, mas emocionalmente.
Era como se estivesse lutando contra uma grande piscina de areia movediça.

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