sexta-feira, fevereiro 12

Cidade Invisível: A cuca longe de ser apenas um Jacaré!

 Cidade Invisível chegou como uma grata surpresa ao serviço da Netflix trazendo uma produção brasileira de alta qualidade abordando o folclore brasileiro de maneira mais adulta. O folclore brasileiro, até então estava restringido a histórias infantis, onde a versão mais conhecida é a do Monteiro Lobato em sua obra “Sítio do Pica Pau Amarelo”. Crianças do Brasil se acostumaram com a versão dele de alguns mitos e lendas brasileiros e hoje, adultos, estranharam um pouco uma ou outra caracterização.

O que eles esquecem, é que sendo Mitos e Lendas, essas histórias ficaram conhecidas oralmente, e suas versões mudam de tempos em tempos, mantendo-se apenas as características principais.

Outra coisa bastante criticada, que a meu ver, é apenas gente querendo criticar uma coisa que não tem o que ser criticada, foi onde se passa a história. Sim, até posso compreender a estranheza, seria uma oportunidade incrível do Brasil conhecer o Brasil, porém, não sejamos ingênuos, uma série desse porte demanda custo, e levar autores, produtores, equipamentos e tudo o mais que a série envolve, demandaria um custo que talvez, com certeza, a Netflix não estivesse disposta a pagar, talvez, com certeza, ela quisesse ter pago essa grana na pós-produção, convenhamos, quem já assistiu sabe que os efeitos especiais estão primorosos. Não deixou nada a desejar a nenhuma outra produção estrangeira.

Bem, a história, como já falei, se passa no Rio de Janeiro, onde um policial Federal da DPA, departamento ambiental, Erik, depois da morte suspeita da esposa, encontra um BOTO (É aquele que tem aqui pelo Rio Amazonas) morto em uma praia do Rio de Janeiro. A princípio fica o questionamento de como aquele boto foi parar em uma praia, visto que ele é um mamífero de água doce. Então começa a saga do “nosso herói”. Ele, sabendo que a morte da mulher não está sendo investigada da maneira que se deve, ele acaba ligando o boto com a morte da mulher.

Então ele começa a conhecer pessoas um tanto estranhas, dentre elas Inês (Alessandra Negrini), uma mulher misteriosa, sedutora e perigosa, que faz de tudo para conseguir o corpo do boto de volta. Um adendo: em algum momento, o boto, que responde pelo nome de Manaus, acaba se tornando uma peça chave para a investigação da mulher de Erik.


Em paralelo a isso, Erik ainda precisa dar atenção a filha Luna, que ainda está muito abalada com a morte da mãe, pois a criança presenciou o acontecimento. Mas a própria criança também tem contato com um rapaz chamado Isac, que vira e mexe aparece e desaparece de maneira fantasiosa.

E enquanto Erik investiga a morte da mulher, algumas mortes começam a acontecer de pessoas que ele tem conhecido, começa a mergulhar no mundo fantasioso de seres e mitos brasileiros, dentre eles, Iara, a bruxa Cuca e o Curupira. Seres da floresta que vivem entre os humanos tentando vencer nesse mundo cão. Ao fim ao cabo, Erik, que no início era completamente cético em relação a tais seres, acaba entendendo que eles existem sim e juntos precisam vencer uma entidade perigosa chamada “corpo seco”.

Cada episódio mostra um pouco da história de cada ser: Iara, Saci e Cuca são os mais bem explorados. E palmas para a atriz Jessica Cores que além de ter uma beleza estonteante, ela tem uma voz de anjo, a versão dela para Sangue Latino não sai da cabeça tão fácil (Acreditem, estou procurando essa versão até agora).

Com um final que nos indica que haverá uma segunda temporada, a série prende a cada episódio. Carlos Saldanha acertou na medida de suspense e fantasia e na forma como trabalhou cada personagem. Alessandra Negrini perfeita em todos os sentidos, linda, talentosa e interpreta um dos maiores seres do Folclore Brasileiro de maneira completamente sublime. Zero defeitos praquela mulher.

Uma série que vale a pena cada segundo gasto para assistir. Mitos explorados nessa primeira temporada: Cuca, Saci, Iara, Boto, Curupira (em uma adaptação monstruosamente fiel), Tutu Marambá (Uma versão tupiniquim do Lobisomem) e Corpo-Seco (uma forma de entidade maligna que toma o corpo de alguém para poder se vingar de alguém que não o fez em vida).

Doida pra ver a versão da série para o Boitatá e o Mapinguari.


Nenhum comentário: