quarta-feira, março 9

Era um daqueles dias em que ele não queria saber de sair de casa. Primeiro estava chovendo e era uma delícia ficar na cama quentinha com o quarto escuro escutando a chuva lá fora. Depois, porque depois da noite anterior ele sinceramente não estava com um animo muito grande para sair de casa.

O que aconteceu foi que... Há um tempo ele foi para uma festa legal, e conheceu uma garota legal, que logo ele notou que era ela... Tornaram-se amigos, daqueles que trocam confidencias de maneira mais natural possível. Depois porque era fácil ficar perto dela! Ela deixava tudo tão simples que o mais complicado problema praticamente se resolvia sozinho. Era fácil gostar dela. O problema era que ele tinha aquela péssima mania de afastar as pessoas que ele amava e só ficava perto das que ele não amava. Bem... Na verdade o que ele sentia por ela era uma coisa tão intensa que sinceramente, ele estava com medo de sentir aquilo. E foi então, que ele percebeu que ele a havia perdido, pois ela estava andando para cima e para baixo com um perdedor de marca maior (coisa que ele ainda não entendia como ela conseguia ficar perto dele). Isso o deixava deprimido! E com raiva, dele, dela e do idiota que estava com ela.

Ele se levantou, afinal de contas, ainda era quarta feira e ele precisava trabalhar. Naquele dia ele fez tudo automático... Bem, não tudo, fez tudo automático até escutar a voz dela chegando. Ele ficou na dele, mal deu bom dia para ela. Na verdade ele queria correr e abraçá-la, porém ele se conteve... De novo.

Ela ficou ali, olhando para ele de longe. Mal sabia ele que todas as vezes que ela o avistava, seu coração pulava de maneira descontrolada, tão descontrolada que ela tinha medo que todas as outras pessoas pudessem escutá-lo. Ela se notara apaixonada por ele na mesma festa legal, quando ele chegou com seu sorriso arrasador, e toda sua segurança não conhecida. Nossa como ela o amava, como ela ansiava pelos beijos dele, e como ela ficava cada vez mais triste em saber (ou pelo menos achar) que ele não a amava da mesma forma. E havia ficado claro para ela, já que ele agora mal a cumprimentava. Então, mesmo completamente apaixonada por ele, ela decidiu seguir sua vida e arrumou um namorado. Bem não era ele, mas ao menos o namorado fazia companhia nas idas ao cinema.

Ele havia notado que naquela quarta ela estava mais cansada que o normal! Ela vinha trabalhando demais e isso a estava prejudicando. Ele até tentou fazer com que ela ficasse mais dias em casa, mas ela preferia ir trabalhar (até para poder ficar mais tempo ao lado dele). Ele estava preocupado pelo fato de saber que ela estava se recuperando de uma gripe.

Foi quando aconteceu. Uma antiga namorada dele estava de volta à cidade e passou para dizer um oi. Elas não se gostavam desde a época do colégio e foi o suficiente para deixá-la completamente mal com isso, pois a antiga namorada chegou já dando um beijo de cinema nele (o que, para ela aparentemente ele havia adorado). Ela resolveu sair naquele momento da loja para não presenciar mais aquilo.

O que ela não viu foi que ele simplesmente mandou a ex embora. Pelo canto do olho ele a avistou saindo de maneira estranha da loja. Quando olhou para o relógio viu que já estava no horário deles e resolveu ir atrás dela. Nem ele entendia porque estava tão desesperado assim para encontrá-la, mas ele sabia que estava precisando ter essa conversa com ela há tempos. Aquele era o dia.

Ele sabia que ela não tinha carro e ao chegar ao seu, notou que ainda estava chovendo. Pelo que deu pra notar, provavelmente ela estava andando na chuva. Ele começou a se preocupar de verdade, já que ela ainda não estava 100% curada da gripe. Foi quando ele, desesperado pelo trânsito lento que estava fazendo, estacionou o carro em um parque e saiu à procura dela debaixo da chuva mesmo.

Ele a encontrou caminhando sem destino pelo parque. Quando ela o avistou tratou de dar meia volta e sair andando mais rápido. Mas ele era mais alto e mais rápido que ela e logo a alcançou.

“Afinal de contas, o que você pensa que está fazendo? Você está ficando maluca? Nem se recuperou da gripe e já quer pegar outra?”

“Você... O que você está fazendo aqui?”

“Procurando você, não é óbvio? Vamos, vamos sair dessa chuva!”

“Não... Quer dizer, eu vou sair dessa chuva, mas não com você!”

“O que deu em você? Por que saiu daquela maneira da loja? Eu...”

Eles, que até então estavam gritando um com o outro pararam de repente e ficaram se olhando por alguns instantes.

“Vá embora” – Ela falou num tom mais baixo. “Sua namorada deve estar lhe esperando.”

“Ela não é minha namorada!” – Ele falou de maneira divertida da acusação.

“Não ria de mim, aquele beijo não foi de brincadeira. Eu nem sei por que estou assim tão preocupada, não temos nada de qualquer maneira”

“Você não notou ainda? Eu estou aqui... AQUI com você e não lá com ela. Eu estou aqui com você na chuva porque eu...”

“O que? Você o que?”

“EU AMO VOCÊ DROGA!”

“...”

“E há muito tempo!”

Antes que ela pudesse falar alguma coisa, ele já estava beijando-a. Foi tão rápido o movimento que ele fez que ela mal teve tempo de pensar.”

Lobinha.

Um comentário:

Nanda Caldas disse...

lembrei de alguém que você NÃO gosta. rs. esse lance de amizade e se afastar... inevitável.
anyway.
já sabe que AMEI o texto, né? é só pra constar aqui. =P