Em 2012
comemora-se o centenário de Luiz Gonzaga, o rei do baião. E claro que a sétima
arte não poderia ficar de fora dessa comemoração. Gonzaga – de pai para filho,
mostra o início da carreira do Luiz através de lembranças que ele conta para
seu filho Gonzaguinha. O filme se passa no ano de 1981, ano em que eles, depois
de anos sem se falar, se reconciliaram.
Através
dessas lembranças conhecemos a infância pobre no sertão de Pernambuco, seu
primeiro amor, sua relação com a mãe do Gonzaguinha até sua precoce morte de
tuberculose e os eventos que sucederam depois disso (Um homem novo tendo que
cuidar de um filho pequeno sem o menor preparo pra isso). O filme conta seu começo
no programa de Ary Barroso, seu segundo casamento com Helena, o relacionamento
com seus pais, e o grande sucesso que ele começou a fazer quando deu baixa no
exército e foi tentar a vida no Rio de Janeiro.
O
mais forte do filme, entretanto, é o relacionamento com seu filho Gonzaguinha. A
grande mágoa que ele tinha do pai durante quase toda sua vida pela falta de
preparo do pai para com ele e a forma como ele, várias vezes, se sentiu
abandonado. O filme aborda o assunto com uma delicadeza ímpar, mostrando não os
ídolos, mas as pessoas por detrás deles. Pessoas que se magoam, que se afastam,
mas com um amor não dito incondicional um pelo outro, um respeito enorme um
pelo outro e o grande orgulho que um pai tem ao ver o filho vencer na vida.
Mas
não somente isto faz com que Gonzaga seja uma homenagem digna ao rei do baião.
O filme todo nos brinda com músicas tanto de pai quanto de filho. A cena em que
toca Asa Branca incidentalmente é de uma delicadeza de emocionar até quem não é
fã. Mas, o forte do filme é “Sangrando” e “O que é, o que é?” do Gonzaguinha.
Mesclando
cenas reais com fictícias, Gonzaga – De pai para filho mostra uma parte do
nosso país, que parece ter parado no tempo, o sertão nordestino, mais
precisamente Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga.
Quero
deixar meu registro para o ator que fez Gonzaguinha. Quando começa o filme, a
gente se assusta tamanha semelhança do ator com o cantor, até o corpo magro, o
formato do cabelo e a barba (marcas registradas de Gonzaguinha).
Se
você era fã, ou quer saber mais sobre o conturbado relacionamento de Luiz
Gonzaga com seu filho Gonzaguinha, ou se ao menos quer conhecer um pouco mais
dos grandes artistas dos bons tempos da música brasileira, ou de quando o
Brasil se rendeu a um pernambucano de Exu, vá ao cinema, assista Gonzaga.
Garanto que você sairá outra pessoa.
Vanessa
Carvalho.