Quando saiu o derradeiro livro/filme de Harry Potter, o
mundo ficou se perguntando quem ocuparia o seu lugar no coração de milhões de
jovens órfãos. Logo saíram títulos e mais títulos dos mais variados temas para
ocupar este vazio.
Entre amor e ódio, Crepúsculo se tornou o que se tornou
depois do filme da Summit, fazendo com que várias obras (Podemos afirmar que
seja mais do mesmo) abordando vampiros, lobisomens, zumbis e coisas afins. Não
demorou muito para o mundo (Re)conhecer os “prazeres” de uma leitura erótica,
antes subjugada à bancas de revistas, através de Cinquenta tons (Chatos) de
Cinza e a história do “excêntrico” Mr. Grey e a Srta Steele, que também ganhou
sua versão hollywoodiana.
Muito se questionou sobre o rumo que a literatura estava
tomando, afinal de contas, sexo e vampiros (E anjos, e bruxas, e lobisomens,
enfim...) sempre renderam bons roteiros e livros, mas tudo foi tão massificado,
que se tornou enjoativo. Era costume escutar dizeres do tipo “mais um livro de
vampiro idiota”.
Então, aos poucos, outro tipo de leitura começou a fazer a
cabeça dessa garotada completamente antenada no mundo. Distopias através de
Jogos Vorazes e Divergente, que apesar de tratarem sobre uma mesma situação são
histórias completamente diferentes (E bem divertidas para se ler). Tanto que as
duas trilogias ganharam versões altamente rentáveis no cinema. É só parar um
pouquinho e ver a bilheteria de Divergente, que já pagou os três próximos
filmes da franquia.
Então, os estúdios viram o quanto histórias para “jovens
adultos” eram a galinha dos ovos de ouro que eles estavam procurando. Em meio a
distopias e refilmagens de filmes dos anos oitenta voltados para esse público, um
autor quase desconhecido lançou um título que para muitos (Inclusive essa que
vos escreve) poderia ser completamente deprimente.
John Green em seu A culpa é das estrelas, escreve sobre um
casal que se conhece num grupo de apoio para pessoas portadoras de Câncer.
Apenas com esta informação, o livro poderia muito bem ser um fracasso, pois a
morte sempre ronda as pessoas com câncer. Não seria estranho que o fracasso
fosse garantido.
Mas, e ai vem a parte da qual eu digo que, quando um autor é
verdadeiro e honesto nas suas palavras, está fadado ao sucesso. E assim foi seu
livro de capa azul retratando nuvens.
Surpreendentemente a história de Hazel e Gus não trata dos
dramas vividos por pessoas com tal doença, retrata adolescentes que
simplesmente estão com uma doença que talvez os mate (Ou não). Talvez, por eles
saberem que suas vidas estão limitadas, eles consigam viver mais intensamente e
pasmem... Com mais alegrias.
O casal protagonista pode ser qualquer adolescente que você conhece
(Doente ou não). Eles têm problemas na escola, com os pais, com amigos,
problemas de relacionamentos, acham que o amor é eterno e que vão viver
eternamente com aquela determinada pessoa... Enfim, adolescentes. Nada mais que
isso.
A escrita sincera e honesta do Green, nos faz mergulhar na
trama da história de pouco mais de 300 páginas tão intensamente quanto os
sentimentos dos personagens. Em meio a frustrações, alegrias, sonhos, medos e
incertezas, A culpa é das estrelas, abordando pessoas normais, num mundo
normal, mostrou para o mundo que, quando você escreve com o coração sem pretensões
de nada, e ainda assim toca a vida de milhões de pessoas no mundo, é porque você
está no caminho certo.
A adaptação cinematográfica estreia nesta quinta feira
prometendo risos e lágrimas e honestidade para o público que for às salas de
cinema assisti-lo.
É, às vezes a culpa é dos leitores mesmo.
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