A saudade é uma coisa estranha, né? Você passa
completamente bem sem ela, mas quando ela se instala em seu ser, parece que
tudo que estava errado e confuso entram em sintonia com tudo que incomodava você,
de uma maneira assustadora. É como se tudo começasse a fazer um sentido
absurdo. Como se uma luz acendesse em cima de sua cabeça e tudo aquilo que
estava obscuro aparecem na sua frente de maneira clara e certa.
Tudo que você estava sentindo e não sabia explicar, todo
sentimento que estava escondido tomasse conta de você avassaladoramente
assustadora. É como se a vida chegasse pra você e mostrasse o lugar que você gostaria
de estar, a pessoa que você gostaria de ter, a vida que você gostaria de viver,
mas que, infelizmente, você, por alguma razão não pode ter.
É nessa hora que surge o tão famoso, mas inconveniente coração
vazio mais pesado que uma tonelada, seu corpo e sua mente sentem esse peso
fazendo com que você perceba que, provavelmente, você, mais cedo ou mais tarde
irá sucumbir a ele. É neste momento que seus olhos transbordam de maneira
incontrolável.
A maioria das pessoas sente isso, de algo, alguém ou
algum lugar do qual já esteve lá e não pode mais estar ou ter. Esse é o tipo de
saudade que machuca tão profundamente a gente que talvez, nem mesmo o poder do
tempo seja capaz de curar. Esse tipo de saudade dói, de verdade. Mas e quando a
saudade é de algo que você era? De uma determinada situação que fazia de você um
ser humano melhor? Quando a saudade é nesse sentido o que fazer?
Você passa a sentir saudade não da pessoa, mas da forma
como você era quando aquela pessoa estava com você... Da forma como você sorria,
da forma como a luz das estrelas reluzia em seus olhos, da forma como seu coração
batia de maneira completamente tola que fazia com que você tivesse medo de que
mais alguém o escutasse.
Posso dizer que essa saudade machuca mais do que todas as
outras saudades juntas. Você não ser capaz mais de se emocionar facilmente, você
simplesmente achar as coisas tão banais que passam despercebidas. Você não
achar mais graça num canto de pássaro ou num raiar de dia... Você saber que não
é mais capaz de sorrir com a facilidade que você sorria ou não ter o coração batendo
mais rápido só de escutar o nome da pessoa que é dona do seu coração...
Dona do seu coração... Meu Deus, isso algum dia voltará a
fazer algum sentido?
Vanessa.
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