- Sabe Chanceler Collins, o senhor
me lembra muito o “Presidente Snow” e “Voldemort”. – Falou Yuri na frente de
todas aquelas pessoas. Sofia ficou observando de longe. Collins ainda era o pai
dela, apesar de tudo.
- “Presidente Snow”? “Voldemort”?
Eu deveria conhecer essas pessoas? – Collins falou impecavelmente estável à
frente de seu gabinete.
- Não sei, são personagens dos
livros “Jogos Vorazes” e “Harry Potter”. – Nesse momento escutou-se sons
incompreensíveis das pessoas próxima aos dois.
- Livros proibidos não? Claro que
um arruaceiro como você os conheceria.
- Só são proibidos por mostraram
como é uma tirania e como se comporta um tirano. Assim como o senhor. – Yuri falou
sem piscar para Collins que ficou num silêncio incompreensível, até mesmo para
Sofia.
- Eu ainda não entendo por que eles
são parecidos comigo. – Ele deu um sorriso que fez a espinha de Sofia gelar.
Yuri já estava passando dos limites. Alguém precisava alertá-lo. Collins era
paciente, mas não tanto.
- Simples, eles criaram seu próprio
inimigo.
- Ah, meu querido, eu não tenho
inimigos, no máximo tenho insetos que serão exterminados em breve.
- Ah, não teme seus inimigos? Esse
também é um ponto bastante semelhante com eles. Subestimavam o poder da união.
E se o senhor não acha que tem inimigo, o que me diz de Sofia? – Nesta hora ela
estava chegando perto de Yuri que deu espaço para ela aparecer. Logo Sofia
ficou ereta olhando o pai.
- Sofia? – Ele falou baixo
assustado.
- Oi pai! – Foi a única coisa que
ela falou sem desviar o olhar.
- Minha filha está ao seu lado
porque você colocou caraminholas na cabeça inocente dela, mas assim que você...
- Eu coloquei caraminholas? Foi o
senhor quem a tornou o que ela é hoje. Foi o senhor quem nos criou.
- Eu nunca nem sequer toquei um
dedo num fio de cabelo dela.
- Não, o senhor a deixou no escuro.
O senhor a ignorava, achando talvez, que ela não merecia conhecer o próprio
pai, ou, temia do que ela iria pensar ao conhecê-lo. O senhor escondeu a
verdade dela, escondeu a forma como tratava a todos, ao seu povo, deixando-o a
beira da inanição, passando fome e sede, enquanto o senhor tinha seis refeições
por dia. O senhor escondeu verdades dela, escondeu a irmã dela. Escondeu... A
forma como a mãe dela morreu. – Quando ele falou isso, alguém que estava atrás
dele tocou em seu ombro. Ao olhar para Sofia, Yuri viu a expressão de surpresa
dela. Nesse momento soube que ela ainda não sabia de nada. – Está vendo,
Chanceler, sua própria filha não sabe que o pai é um assassino. Que matou a
própria mulher por descobrir que seria ela e não o senhor quem sucederia o
poder. O senhor não poderia aguentar ser governado por uma mulher, não é? Não
suportava a ideia de ter uma mulher no comando da sua cidade, naquela época, já
sofrendo devido à sua loucura.
- Diga que ele está mentindo! –
Sofia se aproximou do pai com lágrima nos olhos. Collins olhava para ela indiferente,
como sempre. – Papai, diga que ele está mentindo. Diga que o senhor não fez
isso.
- Desculpe, filha. Mas não devo
contar mentiras. – Collins falou numa voz tão fria que nem mesmo Yuri acreditou
no que acabara de ouvir. Enfim sua máscara havia caído.
- Seu desgraçado, assassino. –
Sofia gritou correndo em direção ao pai. Foi impedida por Yuri.
- Ora
Sofia, convenhamos, o que uma mulher poderia fazer? Provavelmente sua mãe
editaria leis que beneficiasse a todos, que levasse água e consequentemente comida
para toda o país, o que seria um problema, a água acabaria em menos de cinco
anos. E você? Informática? Meu Deus, eu sempre quis um filho sabe. Quando você nasceu...
Bem... Tive que aturar você e seus choros, suas crises, suas TPMs. Nem para me
dar um neto você serviu. Você é seca.
Sofia
escutava a tudo calada, olhando para ele com lágrimas molhando seu rosto. Ela
imaginava que o pai talvez não gostasse tanto assim dela, mas não sabia que ele
a desprezava. Há muito tempo ele já havia deixado de ser o herói que Sofia
imaginava quando criança, mas mesmo assim, foi um choque escutar tais palavras
do pai.
Sem
dizer palavra, ela se virou e se dirigiu ao local que estava Yuri. Quando eles
se abraçaram, Sofia chorava silenciosamente forte, soluçando e Yuri só soube
disso quando a abraçou. Ela tremia toda. Ele a abraçou o mais apertado que pode
para ver se tirava toda aquela dor de dentro dela, o que claro, era impossível.
O
tempo passou incrivelmente devagar para eles dois, mas na realidade não houve
mais que meio minuto do momento que Collins terminou de falar para Sofia se
acalmar e se virar para ele.
- Eu sempre tive inveja da forma
como os pais das minhas amigas as tratavam. Eu nunca tive ilusões; desde nova
sabia que o senhor gostaria de ter tido um filho, para talvez seguir seus
passos. Mas sabe de uma coisa? Foi melhor assim, sabe por que, Collins? – A forma
como Sofia falava era diferente de tudo que Yuri já havia visto a mulher falar.
Algo havia mudado dentro dela.
- Por que Sofia? – Yuri notara que
a voz dele falhara um pouco.
- Porque sua maldade termina com o
senhor. Eu sou casada com um homem bom, com um verdadeiro homem, e quando meu
filho, crescer, ele não saberá nada sobre essa noite. Ou de você.
- Filho? – Yuri e Collins falaram
ao mesmo tempo assustados.
- Eu estou grávida e ele
nunca saberá que você sequer existiu. – Sofia falou dando as costas para o pai e entrando no meio da multidão sendo seguida por Yuri.
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