Cá estou eu, plena onze e vinte da noite escutando as
músicas daquele que digo que é meu musical favorito, O fantasma da Ópera. A
história francesa do início do século XX e que foi, brilhantemente, adaptado
para os palcos londrinos há mais de 20 anos por ninguém menos Andrew Lloyd
Weber. Além da história belíssima de um amor impossível devido as convenções sociais,
Andrew compôs as músicas para o tom da sua eterna musa Sarah Brightman.
Essa história sempre me fez parar para pensar no motivo pelo
qual ela é tão envolvente. Deixando um pouco de lado o livro (Que eu recomendo
às pessoas lerem que não irão se arrepender) vou me ater ao musical. Um adendo: O fantasma tem um nome, seu nome é Erik. Mas
voltando para o musical. Fatos sobre ele? É o musical mais visto na Broadway
(Eu mesma já assisti duas vezes por lá) desde a sua estreia em 1986 e o que
rendeu mais de 5 BILHÕES de dólares (E sim, ele ainda está em cartaz por lá).
Mas, por que, mesmo depois de tanto tempo, ele ainda continua com tanto
sucesso? Ao ponto de haver filas de espera para seus ingressos? Eu tenho
algumas teorias, algumas conjeturas sobre isso.
Em primeiro lugar, existe a coisa do sagrado e do profano
muito bem divididos em Raoul e Erik. Enquanto um representava a calmaria,
aquela coisa constante que traz segurança, Erik, ao contrário representava a
coisa carnal, o sexo puro, algo intenso, algo poderoso do qual poucas pessoas
conseguem na vida, e as que não conseguem, passam a vida procurando, pois é a
coisa pulsante, aquilo que faz emergir toda a força sexual instintiva e
animalesca do ser humano. Ambos se completam. São duas metades dos anseios e
desejos de Christine.
Essa divisão fica mais claro ainda com as músicas dos
casais. Enquanto com Erik e sua música da noite, nota-se a coisa possessiva,
carnal, Raoul já traz o porto seguro com sua All I ask of you. Alguns trechos
das respectivas músicas mostram isso. Em “Music of the night” resta claro a
possessividade quando diz “Softly,
deftly, music shall caress you Hear it, feel it, secretly possess you” em
All I ask of you traz toda a segurança da qual a personagem ansiava quando diz “I'm here, with you, beside you, To guard you
and to guide you”. Não, definitivamente não é fácil estar na pele da
Christine.
O problema todo do musical é que não há uma viva alma
feminina que torça para Raoul ao final do musical, mesmo tendo passado o evento
inteiro torcendo para ele. O motivo é simples: Erik É o amor verdadeiro dela.
Erik sacrificaria sua vida para vê-la bem. Erik foi quem a salvou de todas as
formas, quem a fazia sentir viva. E apesar de ao final, sabermos que Raoul foi
a escolha mais sensata, lógica e segura... Sabemos claramente com quem ela
realmente queria ficar. Mas um amor intenso assim, um amor forte assim, um amor
e emerge do cerne do ser humano, assusta e não é todo mundo que se entrega a
ele.
Já vi algumas vezes o musical (Duas nos EUA, uma em São
Paulo e já perdi as contas de quantas vezes eu vi o filme de 2004 – Que piora
muito a vida da personagem Raoul quando temos como Erik ninguém mesmo que
Gerard Butler) e em TODAS as versões, raro foi ver mulheres saindo com os olhos
secos. 95% delas, saem do cinema chorando pelo destino de Christine e Erik. Do sacrifício
que ele faz em deixa-la ir, por saber que era a coisa certa a fazer.
A história oficial é bem redondinha e fechada, ou seja, não
há continuação, mas nosso Andrew nos presenteou há alguns anos com uma
continuação (Que anseio em ir assistir, apesar de já ter o DVD obviamente)
respondendo a questão que ficou no ar se houve mesmo consumação do amor entre
Christine e Erik – Não irei contar aqui, pois deve haver pessoas que nem saber
da existência da continuação do musical sabiam.
Enfim, Fantasma da Ópera me faz suspirar do início ao fim.
Me faz rir e chorar e ver que existem várias formas de duas pessoas amarem.
Resta saber qual deles a gente vai seguir.
It’s over now the music of the night.
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