Como
começar a escrever sobre aquele que talvez seja o dia mais importante da minha
vida? O final de uma caminhada de 11 anos. É isso mesmo, ONZE ANOS. Em 2006 eu
estava me formando em Direito, depois de uma faculdade completamente
conturbada, de inclusive brigas com uns professores e perseguição de outros. Amigos
que vieram, amigos que se foram, pouquíssimos que sobraram... Como tudo na minha
vida, a faculdade foi motivo de lágrimas e desgostos e tensões. Mas, eu guardo
com carinho aqueles anos. Sempre que eu lembro deles eu sorrio.
Quando
comecei a estrada da OAB eu não tinha a maturidade para enfrentar tal caminho.
Porque, não se enganem, é preciso maturidade (Coisa que não nos ensinam em 5
anos) para enfrentar a OAB. Se você não tiver consciência suficiente, ela vai te
engolir, e vai te jogar no chão. E foi isso que aconteceu comigo. Ela me jogou
no chão e eu permiti que ela me deixasse lá por tempo demais...
Ela me fez
duvidar da minha escolha, duvidar de mim, nenhum elogio que eu recebesse era
suficiente, pois eu estava derrotada. Estava no chão. Enquanto eu estava no chão
percorri outros caminhos, caminhos esses que descobri coisas maravilhosas,
pessoas que vão estar para sempre em meu coração, pessoas que me magoaram tanto
que nem o tempo é capaz de curar... E... Por incrível que pareça... Isso me
fortaleceu de alguma forma, engraçado, não é?
Em 2014 eu
tomei uma decisão, levantei a cabeça e pensei “Por que eu tenho tanto medo
assim da OAB? Logo eu, que no meu último período estava fazendo NOVE MATÉRIAS
(Incluindo a Monografia) e consegui passar em todas. Eu preciso apenas tomar
vergonha na cara e sentar para estudar, como fiz naquele meu último período. ”
Então, foi o que eu fiz.
Lá fui eu,
voltando depois de alguns anos afastada do direito (Me afastei completamente
desse caminho) e tive que reaprender coisas que me eram tão simples. E claro,
aprender, não somente coisas novas, mas a estudar. Eu não sabia estudar.
Ninguém sabe estudar quando termina a faculdade (Isso é outra coisa que não
ensinam você nos 5 anos que você fica por lá).
O
cursinho... No início era a melhor ideia, mas com o passar do tempo, comecei a
ver que o ritmo de onde eu estava, não era algo confortável. Por N motivos, eu
me sentia cada vez menos capacidade para a prova, e era um sacrifício ter que
ir para a aula. Outra vez a dúvida me bateu à cabeça se era isso mesmo que Deus
queria para a minha vida.
Desisti de
ir às aulas, novamente. Não de fazer a prova. Afinal, 220 reais não podem ser
jogados fora. Então, começou a minha peregrinação pelos N cursinhos de Manaus.
Alguns eu já conhecia, de vezes passadas, mas eu sabia que não eram as melhores
opções.
Vejam, foi
2014 todo e 2015 quase todo na peregrinação, mas sempre voltava para o mesmo
local. Então, na OAB XVIII encontrei um cursinho aqui perto da minha casa, em
uma grande faculdade. Encontrei pessoas (AMIGOS) preciosos e professores
fantásticos. Eu estava confiante. O resultado foi decepcionante. Um murro no
meu estômago. Ainda mais por ver que pessoas menos merecedoras haviam logrado êxito.
Novamente o pensamento em desistir.
Então uma
pessoa abençoada por Deus, veio falar comigo. Meu professor de Direito
Administrativo (Vejam só, uma das matérias que eu mais tinha dificuldade, com
um dos professores mais S2 que eu já conheci) sem nem ao menos saber desse meu
pensamento, veio falar comigo, e me encorajou a não desistir.
2016
começou, novo cursinho na cidade, novo ambiente, alguns novos professores
(Talvez o que mais me motiva hoje em dia, engraçado que quando eu raciocino que
fez apenas um ano que eu o conheço...) e nesse cursinho, eu encontrei não só
pessoas queridas, como a minha segunda casa. Uma família, como costumamos a falar.
Estudei, mas com aquela sensação de que talvez não fosse bem, pois estava
cansada, afinal de contas, estava sem parar desde 2014. Resultado da OAB XIX?
39. Só Deus sabe a festa que eu fiz quando eu vi essa pontuação. Afinal de
contas eu era capaz, faltava apenas um ponto para a tão sonhada aprovação. E
aquilo me motivou. Novos professores, nova didática em Penal (Matéria que até
hoje acho difícil e complicada), Tributário (Que era um motivo a mais para ir
para a aula =x) e Constitucional (Sou suspeita pra falar sobre essa matéria e
sobre o professor. Vou me abster senão vou chorar e não vou terminar o texto).
Fui para a
OAB XX. E como eu estudava. Estudava todos os dias, o dia todo, sem perder
aula. Alunos novos, lugar novo (Pertíssimo de casa, por sinal), todo o universo
estava conspirando positivamente. Mas eu ainda não confiava em mim. Nessa OAB,
errei uma questão que eu sabia, pasmem de Constitucional, aquela do artigo 67 e
troquei mais outras duas. 39 novamente, mas tudo bem. Agora que eu estava tão
perto, nem lembrava do significado da palavra desistir.
Então veio
a OAB XXI. E com ela um problema a mais: Corpo e mente EXAUSTOS. Isso porque,
as duas OABs anteriores eu não parei, esperando recurso engatei duas segundas
fases, em Constitucional, obviamente. Então, quando recomecei a primeira fase
já vinha com uma bagagem bem pesada. Estudava, mas logo me cansava, Dorflex e
dipirona eram meus companheiros constantes. Noites quase não dormidas. E o
nervosismo de falhar novamente. Abandonei, por completo, a pouca vida social
que eu tinha. Deixei de ir ao cinema (Imaginem só), namoro. Isso é de comer?
Engordei cerca de 10 quilos. Perdi aniversários de pessoas importantes na minha
vida, pessoas se afastaram de mim, outras não entendiam e me chamavam de louca,
de incapaz, de “burra” (Sim, assim mesmo), mas eu iria sentar e chorar? Até
acontecia, mas depois eu levantava, sentava na cadeira da sala e estudava
novamente.
No dia da
prova, TUDO ISSO resolveu explodir. Por mais que eu tentasse me acalmar, eu não
conseguia. E se não fosse pelos meus dois pilares (O Professor Hiran e o meu
querido Neto) eu não teria tido forças para levantar e fazer aquela prova.
Durante a prova eu só lembrava do Professor Hiran falando no meu ouvido que
essa seria a última vez que eu faria a 1° fase. Foi com essa segurança que fui
fazer a prova.
Então veio
a aprovação. 41, com as anulações fiquei com a nota final 42. Na prova que foi
considerada a mais difícil em toda história da banca da FGV. Eu demorei a
acreditar. Eu demorei a raciocinar. Mas quando isso aconteceu? Parti para a
segunda fase. Numa época que é considerada a pior de todas, no final do ano. Passei
natal e ano novo estudando a ação Civil Pública (Que foi a peça da minha prova)
e Controle de Constitucionalidade. Sim, mal estava dormindo, mas estava na
segunda fase.
Amanhã
sairá o resultado. Não sei se será positivo ou não (Caso negativo eu ainda
tenho uma segunda chance que eu sinceramente espero não ter que usar), mas que
eu sinceramente torço para que amanhã eu possa gritar... chorar, comemorar e...
Tomar o primeiro porre dos meus 40 anos de vida.
De
qualquer forma... Meu caminho está quase no final, e isso me faz um bem danado.
3 comentários:
Essa Vitória é sua com certeza!
No tempo certo... no tempo de Deus... te amo amiga!
Emocionada com o texto, entendo cada palavra dita e sabemos que amanha esse porre vai acontecer! Nao sou precipitada em te parabenizar... é a verdade oras! Pq? Pq vc sabe da tua capacidade, da tua garra, da tua vontade e sabe melhor do que ninguém que essa é sua hora de brilhar, poder olhar no espelho alguém que antes sonhava ser e hj vc simplesmente é. Te amo van, hj minha querida amiga. Nós do nosso jeito....nos entendemos e eles (neto e hiram) entendem a gnt ❤. ���� Que a noote de tensao de hj seja apenas um preparativo para a explosão de amanha!
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