Livro:
O temor do Sábio – Patrick Rothfuss.
(...)
“O amor é uma dessas coisas. Você tem conhecimento do que ele é, mas ele foge
de uma explicação criteriosa.
- O amor é um conceito sutil
– admiti – É esquivo, como a justiça, mas pode ser
definido.
Os
olhos dela cintilaram.
- Pois então faça isso, meu
brilhante aluno. Fale-me do amor.
Pensei
por um rápido instante, depois de um longo momento.
Vashet
riu.
-
Está vendo como será fácil eu encontrar furos em qualquer definição que você dê?
-
O amor é uma disposição de fazer qualquer coisa por alguém. Até em detrimento
de si mesmo.
-
Nesse caso, em que o amor difere do dever ou da lealdade?
-
Ele também se combina com uma atração física.
-
Até o amor materno? – perguntou Vashet.
-
Combina-se com uma afeição extrema, então – emendei.
-
E o que você quer dizer exatamente com “afeição”? – perguntou
ela, com uma calma de enfurecer.
-
É... – deixei a voz se extinguir, quebrando a cabeça para pensar
em como poderia descrever o amor sem recorrer a outros termos igualmente abstratos.
-
É assim a natureza do amor – disse Vashet. – Tentar descrevê-lo enlouquece uma
mulher. É isso que mantém os poetas rabiscando sem parar. Se um deles
conseguisse prendê-lo num papel, completinho, os outros pousariam suas penas. Mas
isso é Impossível. – Ela ergueu um dedo e acrescentou: - No entanto, só um louco afirmaria que o amor não existe. Ao vermos
dois jovens se completando com o olhar derretido, lá está ele, tão denso que se
poderia espalhá-lo no pão e comê-lo. Ao vermos uma mãe com seu filho, vemos o
amor. Quando o sentimos a nos agitar o peito, sabemos o que é. Mesmo que não
sejamos capazes de exprimi-lo em palavras. – Vashet fez um gesto triunfante.” (...).
(Págs. 718/719)
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